Trata-se de feminilidade e, a partir disto, o que significa experienciá-là e como as concepções pessoais sobre isso podem entrar em conflito com a expectativa social a respeito papel feminino. A neozelandesa Anna Korver fez disso o grande tema de suas esculturas. Seu material preferido até aqui foram as rochas ornamentais, embora ela atualmente goste de trabalhar também com outras possibilidades, na medida em que isso lhe ofereça novas possibilidades de composição.
Seus trabalhos são abstratos, reduzidos ao essencial. Antes de qualquer coisa, o observador sente receber deles algo como a revelação de uma sabedoria, que lhe proporciona um vasto campo de associações com as quais as figuras de Anna podem ser relacionadas.
São variáveis as abordagens que Anna Korver faz do tema: algumas figuras são um irônico exagero do ideal de beleza contemporâneo, mas suas formas também podem sugerir uma dança em voluptuosa descontração…
… afinal de contas são agudas representações de certos estados de espírito. Ou pelo menos essa é a nossa interpretação.
E junto disso ela também aborda as coisas com humor, como no caso de „From the Tower“ (Desde a Torre), livremente adaptado do conto de fadas onde Rapunzel espera ansiosamente a chegada do príncipe.
Anna Korver bacharelou-se em Belas Artes na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia. Seu pai tinha a escultura como hobby, trabalhava em madeira e ensinou-lhe essas técnicas muito cedo. O trabalho com rochas foi resultado de seu interesse por grandes formas e da vontade de colocá-las em exteriores. „Eu realmente me apaixonei por este material quando comecei a esculpir mármores do local onde cresci, em Nelson“, nos escreve ela.
Junto com o fotógrafo Steve Molloy ela mantém uma galeria em Taranaki. Entre outros grupos, ela está engajada no Eco Artists, que destina uma parte das vendas de seus filiados a projetos ecológicos.
Nesse contexto foram criadas obras nas quais ela reproduz formas de andorinhas marinhas, ameaçadas de extinção.
Nisso nos ocorreu perguntar se ela encontra ligação entre feminilidade e natureza. „Sim, muitas. Eu vejo na natureza uma energia feminina, dura e suave, provedora e vingativa. No mito criacionista da cultura Maori neozelandesa ela é vista como mãe ancestral da Terra, uma entidade feminina chamada Papatuanuku“, nos responde Anna.
Se até aqui seu trabalho concentrou-se quase exclusivamente em seu universo pessoal, atualmente seu ponto de vista virou-se para fora, mais precisamente para a influência das pessoas sobre o mundo.
Assim aparecem em suas obras também formas retilíneas e angulosas. „Eu tendo a curtir tanto formas masculinas quanto femininas“, resume ela o caminho atual de sua arte.
Fotos: Steve Molloy