No Salone del Mobile, de 8 a 13 de abril deste ano, também foi mostrada a „Moon Table“, desenvolvida por Zaha Hadid e a empresa italiana Citco a partir de um grande bloco de mármore.
O que nos interessa é o componente emocional deste trabalho artístico: chamou atenção o fato de que todos, realmente todos os visitantes, tocaram a peça, apreciando-a com a mão inteira – e não apenas a ponta dos dedos.
A indústria do setor conseguiria utilizar esse fenômeno para criar novos produtos?
Para entender melhor o fenômeno, é interessante lembrar mitos antigos: na Antiguidade Clássica há uma história sobre o invencível gigante Anteu, contra o qual lutou Hércules. Anteu vencia todos os adversários, desde que mantivesse contato com a terra, de onde sua mãe (a deusa Gaia) enviava a energia necessária para ele ganhar a disputa.
Expresso de maneira um tanto esotérica, carregamos internamente um tipo de compulsão no sentido de tocar na rochas e assim extrair delas uma certa energia própria desses materiais.
Bem, a coisa também não funciona tão simples assim, afinal outros objetos que também atraem muito o toque da mão são os aerofólios de carros esportivos exclusivos.
E a razão disso é que estes carros são considerados sexy.
Talvez então o motivo específico seja o fato de as rochas despertarem em nós sentimentos claramente positivos. Muitas pessoas carregam inclusive pedras de toque, que costumam ser seixos, os quais são manipulados com os dedos com o objetivo de distensioná-los.
Se o toque da rocha nos proporciona uma experiência emocional e se a ideia é capitalizar esse estímulo em um produto, é interessante identificar quais são as situações do dia a dia em que as emoções costumam aflorar especialmente.
Um exemplo interessante é a sala de espera do dentista. A sensação de quem fica ali é, no mínimo, desprazerosa e para alguns inclusive tensionadora ou até angustiante.
Não seria interessante desenvolver para essas salas cadeiras com descansos de braço feitos de belas rochas, onde o paciente pudesse descansar as mãos? O sentimento do toque poderia diminuir o medo e sugerir algo como „a sessão não será assim tão ruim…“
Outra possibilidade está nos hotéis. Os arquitetos de interiores poderiam colocar ali onde o hóspede normalmente senta para tirar os sapatos e o casaco uma faixa de rocha que se erguesse do chão ao teto, convidando a tocá-la e afundar por um momento na cadeira. O sentimento deste toque poderia ser „Ok, não estou em casa, mas pelo menos cheguei aqui e estou seguro…“
E também nos cemitérios. Faria sentido trazer a lápide do ponto mais distante do túmulo para aquele mais próximo do visitante? Ali ele talvez pudesse apoiar-se, ou mesmo sentar-se, e experimentar e pedra com as duas mãos. A rocha faria o trabalho de confortar, de estimular sentimentos como „Calma, a vida continua e tudo ficará bem outra vez“.
A „Moon table“ de Zaha Hadid no Salone del Mobile foi tão insistentemente tocada que ao final já se podia ver brilhar no bloco bruto o mármore Bianco Carrara.