Rochas desempenham um papel importante no novo jardim de infância da universidade de Ourense, na Galícia, norte da Espanha, mesmo que quase não se veja nada disso: o telhado plano é coberto com ardósia, e o próprio edifício, projetado como uma singela caixa, baseia-se nos típicos celeiros da península Ibérica.
A forma remonta aos depósitos de grãos, que habitantes ancentrais criavam a partir da aglomeração de placas de rochas, às vezes também com madeira. Mostramos uma foto de uma instalação assim em Portugal.
Outra característica destes depósitos era também estarem baseados sobre baixas palafitas. Isso protegia o grão da umidade ascendente e o mantinha em permanente ventilação.
Este princípio construtivo foi utilizado pelos arquitetos do escritório Abalo Alonso para a creche do campus da universidade a cerca de 100 km de Santiago de Compostela: o edifício é também elevado do chão, inclusive pela razão de que a inclinação é bastante íngreme e não se desejava cavar um buraco ali.
Eles também pensaram na ventilação, porque temperaturas de verão nos 40 graus não são incomuns na região.
Para a finalidade de ventilação, a caixa é perfurada por quatro recortes verticais que servem como pátios verdes.
Através deles as árvores crescem por cima do telhado.
A partir dos prédios adjacentes da universidade se têm boa vista da nova unidade. O telhado determina a estrutura dos cômodos interiores:
Há 5 secções consecutivas em angulações irregulares.
Teto e piso, bem como os apoios das paredes, são feitos de concreto. Entre elas tijolos de argila foram emparedados. Em torno da caixa estende-se uma rede de ripas de madeira verticais. Estes quebram a luz solar e propiciam um jogo encantador de luz e sombra no interior. Foi importante para a escolha da madeira o baixo peso, diminuindo a carga sobre a encosta. Foi utilizada madeira do cedro de produção controlada.
A ardósia no telhado lembra edifícios antigos da Galícia, que são em geral cobertos com pedra. Trata-se de um leito composto por brita daquela rocha.
Fotos: Abalo Alonso arquitectos
(15.03.2015)