Os artistas Andreas Kunert e Naomi Zettl querem que seu trabalho sirva para reaproximar as pessoas
Essas instalações têm de fato algo mágico: algumas delas têm um olho, que olha os passantes e é encarado de volta, outros são como um redemoinho selvagem em um perigoso riacho montanhoso, terceiros parecem um rio de lava solidificada e há também outros completamente diversos, que lembram a plumagem eriçada de uma ave.
E tudo isso em um material surgido do fundo da terra, extremamente duro e incrivelmente antigo.
Os artistas canadenses Andreas Kunert e Naomi Zettl colecionam rochas no nordeste, na costa, nas montanhas e nas pradarias daquele país. Mas quando procuram formas e cores especiais, também buscam elas no Brasil ou em Madagascar.
Na página deles na internet há muito para se ler, sobre um „mundo antigo, com know-how e sabedoria misteriosos„ e de um „outro lado, invisível a nossos olhos humanos, mas perceptível internamente“ e sobre uma „geometria sagrada“, que seria uma lei natural a regular nosso planeta e sua natureza, e que também ordena as obras artísticas da dupla.
Nós, com nossa visão de mundo baseada na ciência e na técnica, questionamos o que exatamente isso significa.
Não reproduziremos a resposta, ao invés disso ofereceremos um documento em pdf onde se pode ler o conteúdo completo. Ficamos surpreendidos com o tempo que ambos dedicaram a esta resposta sobre sua visão das coisas e com a precisão de sua linguagem.
No centro de sua visão, está o fato de que tudo no mundo carrega um sopro da criação. Quem assim deseje pode (parece), por exemplo, também se comunicar com coisas inanimadas. „Se você estiver consciente, poderá ouvir a voz do espírito da rocha em seu timbre antigo e trovejante.“
Com seu trabalho eles quiseram tornar tais experiências acessíveis a outras pessoas.
E de fato, como dissemos no início: há um trovão em suas instalações quando se observa o perigoso redemoinho do outro lado, ou se sente o calor da lava, ou ainda se imagina a infinita idade da rocha e a força que a forjou.
E acima de tudo: qual o segredo de lograr algo próprio se eles apenas retiram da natureza seus materiais.
Eles mencionam cerimônias que fazem parte de suas instalações: „Nós expressamos nossa gratidão à terra e tratamos a rocha, presenteada por ela, com grande reverência.“
Isso lembra o xamãnismo. Além disso, também é parte de nossa história, afinal antigamente os mineiros também tentavam, com rituais, agradar os espíritos da terra, de modo a receber seus tesouros. Também hoje as igrejas abençoam poços antes de eles serem abertos.
Andreas teve aulas de arte quando criança. Quando adolescente, começou a ter problemas de memória, e então precisou abandonar o caminho da educação usual e através de formação em artes e fotografia chegou ao trabalho com rochas ornamentais.
Naomi foi levada à arte por uma mãe pintora e ceramista. Quando criança, ela se deparou com arcos e relíquias rochosas de culturas antigas nas pradarias de Saskatchewan. Ela estudou escultura e Mídia Expandida na Universidade de Saskatchewan e graduou-se com alta distinção.
Fotos: Ancient Art of Stone
(22.11.2015)